3º Domingo da Quaresma
Os desafios do caminho – Lc 13,1-9 – O terceiro domingo da Quaresma nos mostra a necessidade de tomar consciência do projeto que Deus tem para nós, um projeto de liberdade e de vida plena. Há um caminho a ser percorrido, cheio de desafios, vulnerabilidades e limites. É preciso romper fronteiras de escravidão, de egoísmo, de fechamento em projetos pessoais e abrir-se ao outro. A primeira leitura nos traz a rica experiência de Moisés, o seu encontro com Deus e a sua missão de libertar os escravos do Egito. Trata-se de um relato que manifesta o quanto Deus repudia a escravidão e o que é capaz de fazer para que seu povo seja livre. O Evangelho confirma a necessidade de mudança radical de certas mentalidades que tanto escravizam o ser humano e a necessidade de transformação total da consciência para assumir a forma de vida do reinado de Deus e seus valores. O cenário do evangelho é o do caminho de Jesus para Jerusalém, a parte mais longa e original de Lucas. Não se trata de um caminho geográfico, mas de um itinerário teológico-espiritual. É uma viagem longa, feita sem pressa, durante a qual Jesus vai instruindo seus discípulos. A cada passo Jesus vai alertando para as visões equivocadas de seus discípulos, contrárias aos valores do Reino. O texto inicia com uma notícia chocante: Pôncio Pilatos, o prefeito romano da Judeia, tinha ordenado o massacre de alguns homens galileus enquanto eles ofereciam sacrifícios. Não se sabe quem deu a notícia e nem quem era os mortos, nem a causa de sua morte. Por que trouxeram esta notícia a Jesus? A razão não é clara. O fato é que Jesus não julgou Pilatos e nem entrou em questões políticas. Aproveitou o incidente para mostrar aos discípulos o rosto misericordioso de Deus e romper com a doutrina tradicional. Estes homens assassinados não foram mortos por castigo divino. As tragédias humanas ou geográficas não são castigos divinos. Podem acontecer com qualquer pessoa. Daí a grande convocação: “se não vos converterdes, perecereis todos igualmente”, ou seja, é preciso conversão, mudança de mentalidade, cuidar de tudo e de todos, mudar as ideologias pessoais. Uma exortação muito oportuna para o contexto da Campanha da Fraternidade deste ano. A parábola da figueira que, há vários anos, não produzia qualquer fruto, ilustra bem o agir divino. O dono da vinha mandou cortá-la, pois era uma figueira inútil, só ocupava a terra destinada à vinha. A figueira, na Palestina, dava seus frutos duas vezes ao ano. Esta, há anos, nada produziu. O cuidador da vinha pediu paciência, pois ele bem conhecia cada árvore, e se propôs a cuidar dela com amor. Seus cuidados mais amorosos iriam garantir os frutos. A conclusão é clara: Deus está disposto a esperar mais algum tempo, pois ele é paciente e misericordioso. Mas a espera divina tem seus limites. Temos que nos converter, mudar de mentalidade, dar frutos bons para o Reino de Deus. O caminho tem suas exigências e seus desafios. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ