34º Domingo do Tempo Comum – Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo
Um rei Pastor – Mt 25,31-46 – No 34º Domingo do Tempo Comum celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste dia tratam do Reino de Deus, usando uma linguagem simbólica, com imagens fortes, que muito se diferenciam das que conhecemos sobre reinados e reis do mundo. Jesus é o rei deste novo reinado, um rei que governa pelo amor.
A primeira leitura forma como que um quadro programático deste reinado. Utiliza a imagem do bom pastor, uma imagem que mostra a autoridade de Deus e o seu papel na condução do Seu povo pelos caminhos da história, como também a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu povo.
O Evangelho apresenta-nos um quadro dramático sobre o juízo final. O relato é a conclusão das três parábolas anteriores, lidas nos últimos domingos: a do mordomo fiel e do infiel” (cf. Mt 24,45-51), a das jovens previdentes e das descuidadas (cf. Mt 25,1-13) e a dos talentos” (cf Mt 25,14-30). Em todos estes relatos aparecem dois grupos de pessoas com posturas diferentes frente à vinda do Senhor Jesus.
No quadro deste domingo temos como que o “veredicto final” sobre aqueles que se mantiveram vigilantes e aqueles que não se prepararam para a vinda do Senhor. Mais uma vez devemos recordar o contexto da comunidade cristã de Mateus na década de 80. Já passou o entusiasmo inicial e muitos cristãos estão desinteressados, instalados, acomodados; vivem a fé de forma rotineira, morna, pouco exigente e pouco comprometida; alguns, diante das dificuldades, deixam a comunidade e renunciam ao Evangelho.
Não esqueçamos que estamos diante de uma “parábola”. Não é uma descrição exata e fotográfica do juízo final, como muitos assim consideram. É uma parábola que mais parece um “tratamento de choque”, como se diria hoje. É de uma radicalidade que cria impacto.
Começa com uma introdução (vv. 31-33) que apresenta o quadro: o “Filho do Homem” sentado no seu trono, separando as pessoas umas das outras “como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”. O “Filho do Homem” age a modo de um pastor, imagem esta que define o modo de Jesus ser rei. É um “rei pastor”. Segue o diálogo entre o “rei” e as “ovelhas” e entre o “rei” e os “cabritos”. As ovelhas são acolhidas no reino e os cabritos excluídos. O critério para acolher uns e rejeitar outros é a prática do amor e da solidariedade. Jesus se identifica com os pequenos, os pobres, os marginalizados, os peregrinos, os que não tem o que comer, o que beber, o que vestir.
Surge um questionamento muito pertinente: Deus condena os maus ao inferno? Deus é pura misericórdia. É a prática do amor e da solidariedade que salva ou condena alguém. “Afastai-vos de mim”. A linguagem dura do evangelista é uma técnica dos pregadores da época, que recorrem à imagens fortes para que os ouvintes se sintam interpelados a retomar, com novo vigor, a vida de seguimento de Jesus e o projeto do Pai. Mesmo com exageros de linguagem, o Evangelho mostra que o egoísmo e a indiferença para com o irmão, a irmã, não possibilita a participação no Reino de Deus.”Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos foi a mim que o fizeste”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ