33º Domingo TC – Saboreando a Palavra – Dia 17-11-2019

13/11/2019

Cuidado, não vos deixeis enganar” Lc 21,5-19 – A liturgia deste domingo, dia Mundial dos Pobres, ajuda-nos a refletir sobre o sentido da história e nos mostra que Deus quer nos conduz para o novo céu e a nova terra, onde reinará a paz, a fraternidade, a justiça.  O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre a caminhada que somos chamados/as a fazer até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos e discípulas é comprometer-se com a transformação do mundo, de forma que a realidade injusta, desigual, de fome e violência seja superada, e venha o Reino. Esse “caminho” será percorrido no meio de dificuldades e perseguições. Segundo o Evangelho, estamos em Jerusalém, nos últimos dias antes da paixão. Jesus está no átrio do Templo com os discípulos. O comentário de alguns sobre as belas pedras do Templo leva Jesus a uma catequese muito significativa também para nossos tempos.  Em linguagem escatológica, um recurso literário que se comunica por meio de imagens e símbolos, trata de realidades bem concretas e atuais. O fundamental não é o discurso sobre o “fim do mundo”, mas sim a catequese sobre o caminho que devemos percorrer, até chegarmos à plenitude da história humana. O discurso escatológico que Lucas nos traz é uma apresentação teológica onde aparecem três momentos da história da salvação: a) a destruição de Jerusalém, b) o tempo da missão da Igreja c) a vinda do Filho do Homem. O texto começa com o anúncio da destruição de Jerusalém (vv. 5-6), coisa que ocorreu no ano 70 da era cristã, em torno de 15 anos do Evangelho ser escrito. .Segundo os profetas, Jerusalém seria o lugar da manifestação plena da salvação. No entanto, Jerusalém recusou a oferta de salvação que Jesus veio trazer. A destruição da cidade e do Templo significa que Jerusalém não cumpriu sua missão. A Boa Nova de Jesus vai, portanto, deixar Jerusalém e partir ao encontro de todos os povos. Começa, assim, uma outra fase da história da salvação:  é o “tempo da Igreja”, o tempo em que a comunidade dos discípulos, caminhando na história, testemunhará a salvação a todos os povos da terra. O “tempo da Igreja” culminará com a segunda vinda de Jesus (vv. 7-19). Enquanto isto, como viver este tempo? Em primeiro lugar, o evangelho sugere que surgirão falsos messias e visionários que anunciarão o fim. Daí o aviso: “não sigais atrás deles” (v. 8); e “não será logo o fim” (v 9). Em lugar de viver falando do fim, os discípulos devem preocupar-se em viver uma vida fiel, cada vez mais comprometida com a transformação “deste” mundo. Neste tempo de espera e de atuação, irá surgir um mundo novo. As imagens apocalípticas: “há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino”…  “haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fome e epidemias; haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu” eram imagens muito usadas pelos pregadores populares da época para falar da queda do mundo e do surgimento de um mundo novo… A questão fundamental é que o mundo novo será construído pouco a pouco. Paciência e esperança não podem faltar. Mas não se pode ficar de braços cruzados. Dificuldades e perseguições marcarão a caminhada dos discípulos. Mas os discípulos nada deverão temer: eles terão sempre a ajuda e a força de Deus. Nestes tempos conturbados, Jesus volta a nos dizer: cuidado, não vos deixeis enganar. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ