33º Domingo do Tempo Comum
Minhas palavras não passarão – Mc 13, 24-32 – A liturgia do 33.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a ler a história da humanidade numa perspectiva de esperança. O Jubileu proclamado para 2025 garante-nos que somos “Peregrinos da Esperança” e estamos sendo convocados/as para esperar contra toda esperança. O egoísmo, a violência, a injustiça, o pecado, tão presentes nos tempos atuais, não têm a “última palavra”. A “última palavra” pertence a Deus e nesta esperança, prosseguimos confiantes. O Evangelho deste domingo exige de nós uma leitura mais atenta e com mente aberta. Contextualizando o texto, vemos que Jesus tinha passado o dia no templo de Jerusalém. Tinha sido um dia dos “ensinamentos” e de polémicas com os líderes judaicos, como já vimos em domingos anteriores. No final do dia, mais uma vez Jesus dirigiu-se para Betânia, com seus discípulos. Pararam no “Jardim das Oliveiras” e de lá contemplaram Jerusalém. Um dos discípulos teceu um comentário sobre a grandiosidade do Templo e Jesus afirmou que o templo seria destruído e que não ficaria pedra sobre pedra. Alguns discípulos pedem maiores esclarecimentos e, em resposta, Jesus oferece-lhes um amplo e enigmático ensinamento, que ficou conhecido como o “discurso escatológico”. Trata-se de um discurso difícil de compreender, pois emprega imagens e linguagens ao jeito do “apocalipse”. Há elementos de caráter histórico com reflexões de caráter profético. Depois de enumerar diversos acontecimentos que vão marcar o caminho histórico que a comunidade dos discípulos vai percorrer, Jesus refere-se ao momento da sua segunda vinda e ao surgimento de um mundo novo. O mundo velho vai ruir: “o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas”. Imagens do Antigo Testamento, sempre referentes a acontecimentos concretos, no qual a profecia buscava sustentar a esperança do povo que sofria opressão de outras nações. No contexto do Evangelho de Marcos, o Império Romano é, certamente, a expressão do mundo velho que deve ruir. A queda desse mundo velho aparece associada à vinda do Filho do Homem. Esse “Filho do Homem, cheio de poder e de glória, que virá “reunir os seus eleitos” é Jesus. Com esta imagem, o Evangelho afirma o triunfo definitivo de Jesus sobre os poderes opressores deste mundo e a libertação daqueles que, apesar das perseguições, continuaram a percorrer com fidelidade os caminhos de Deus. A mensagem é clara: os discípulos de Jesus vão percorrer um caminho marcado pelo sofrimento e pela perseguição. Mas devem se encher de confiança e coragem porque Jesus vem para libertar e salvar. Não há uma data marcada para tais acontecimentos. De uma coisa, no entanto, os fiéis podem estar certos: as palavras de Jesus não são uma bela teoria ou um piedoso desejo, pois “passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”.