33º Domingo do Tempo Comum – 14/11/2021
“Minhas palavras não passarão” – Mc 13,24-32 – A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum vai conduzindo-nos a um “novo tempo”, tanto a um novo Ano Litúrgico, (o Advento) quanto à consumação dos tempos históricos, o “Kairós de Deus”.
O texto que nos é proposto como Evangelho tem como cenário a cidade de Jerusalém, pouco antes da paixão e morte de Jesus. É o “terceiro dia” da estadia de Jesus em Jerusalém, tempo dos “ensinamentos” e dos conflitos mais radicais com os líderes judaicos (cf. Mc 11,20-13,1-2). No final desse dia, já no “Jardim das Oliveiras”, Jesus traz um longo e enigmático ensinamento, que ficou conhecido como o “discurso escatológico” (cf. Mt 13,3-37).
Trata-se de um discurso em linguagem profético-apocalíptica. É um texto difícil, que emprega imagens e linguagens marcadas pelas alusões enigmáticas, bem ao jeito do gênero literário “apocalíptico”. Não é uma reportagem jornalística de acontecimentos concretos, mas uma leitura profética da história humana. Descreve a missão da comunidade cristã no período que vai desde a morte de Jesus até ao final da história humana
O destaque dado aos quatro discípulos no início do “discurso escatológico” mostra que eles representam a comunidade cristã de todos os tempos, pois são os mesmos primeiros discípulos chamados por Jesus (cf. Mc 1,16-20).
A missão que Jesus confia à sua comunidade não é uma missão fácil. Ele está consciente de que os seus discípulos terão que enfrentar as dificuldades, as perseguições, as tentações que “o mundo” vai colocar no seu caminho. Essa comunidade em marcha pela história necessitará, portanto, de ânimo e coragem, de esperança e de confiança, com a promessa de um mundo novo, de um Kairós de Deus. Cabe aos discípulos cultivar a fidelidade, a coragem, a vigilância.
As tribulações são experiências cotidianas, mas a vitória é certa: “passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”. No horizonte último da caminhada da comunidade, no final da história humana, Jesus coloca o reencontro definitivo dos discípulos com Ele. “Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória”.
Mais importante do que definir o tempo exato desse fim, é ter confiança na chegada do mundo novo e estar atento aos sinais. O exemplo da figueira quer ajudar os discípulos a esperar, com confiança, a chegada do mundo novo. Certos da vinda do Senhor, atentos aos sinais que O anunciam, os fiéis se preparam para este encontro de vida plena e de felicidade sem fim.
Enquanto peregrinamos nesta terra, Jesus nos convida à fidelidade e à vigilância, na certeza de que sua Palavra se realizará. “Minhas palavras não passarão” enquanto o plano do Pai não se realizar. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ