2º Domingo TComum – 19-01-2020
Eis o Cordeiro de Deus – Jo 1,29-34 – Findo o tempo de Natal, entramos no primeiro período do Tempo Comum. É significativo que o Evangelho deste domingo nos traga os temas da vocação e da missão, segundo a narrativa do evangelista João. Seria de supor que teríamos uma narrativa de Mateus, visto estarmos no ano A do ciclo litúrgico. Sendo um texto de João, somos convidados/as a perceber o foco vocacional próprio do 4º Evangelho. Deus tem um projeto de “vida plena” (cf. Jo 10,10) para oferecer à humanidade e chama pessoas para serem testemunhas desse projeto na história e no tempo. Jesus é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro, investido de uma missão pelo Pai, para que a humanidade tenha acesso à vida plena. A narrativa faz parte da secção introdutória do Quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). O evangelista apresenta Jesus a partir da “cristologia” joanina. Jesus é o Cordeiro, a Luz, a Água Viva, o Caminho, a Verdade e a Vida. São diversas as passagens onde o autor se encarrega de fazer entrar em cena as testemunhas para apresentar Jesus, que fazem afirmações carregadas de significado teológico. Finalmente Jesus é apresentado como o Messias, Filho de Deus, que possui o Espírito e que veio ao encontro da humanidade para fazer aparecer o Homem Novo, nascido da água e do Espírito. João Batista desempenha aqui um papel especial na apresentação de Jesus (cf. Jo 1,19-37; 3,22-36). Ele vai definir aquele que chega e apresentá-lo ao mundo. Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (1,29). Como “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, nos coloca em sintonia duas imagens sugestivas: é a imagem do “servo sofredor”, o cordeiro levado para o matadouro e também a imagem do “cordeiro pascal”, símbolo da ação libertadora de Deus. Estas imagens definem a missão de Jesus. É o servo de Javé que vai redimir o mundo, tirando “o pecado”. Nota-se que não se fala em “pecados”, mas sim “o pecado”. Trata-se certamente da recusa da luz e da opção pelas trevas, realidade esta que oprime a humanidade e impede o acesso à vida plena. O “mundo” é certamente a humanidade que resiste à salvação, reduzida à escravidão e que recusa a luz/vida que Jesus lhe pretende oferecer… A declaração de João convida a humanidade de todos os tempos a se voltar para Jesus e a acolher a proposta libertadora que, em nome de Deus, Ele traz. Só a partir do encontro com Jesus será possível chegar à vida plena, à meta final do Homem Novo. O Pai investiu Jesus de uma missão: eliminar o pecado do mundo. No entanto, o “pecado” continua a muito presente em nosso cotidiano: guerras, vinganças, terrorismo, exploração, egoísmo, corrupção, injustiça… Deus nos propõe o seu projeto de salvação, mas não impõe nada e respeita absolutamente a liberdade das nossas opções. Jesus como “Cordeiro de Deus” é a maior proclamação do caminho a ser assumido pelos seus discípulos: a vida doada para que “todos tenham vida”.
Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ