2º Domingo de Páscoa – 11/04/2021
A paz esteja convosco! Festa da Divina Misericórdia! Evangelho Jo 20, 19-31
O Evangelho deste 2º domingo da Páscoa nos apresenta duas narrativas de aparições aos discípulos e alguns sinais e gestos que Jesus os repete nas duas aparições.
Na primeira aparição, o texto começa dizendo que na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos estão trancados dentro de casa com medo dos judeus. Certamente diziam entre si, se fizeram tudo isso com Jesus o mestre, o que não iriam fazer conosco? É neste ambiente de medos, frustrações, incertezas, desânimos que Jesus aparece e se coloca no meio deles, por duas vezes e os saúda com a célebre frase: “A paz esteja convosco”. Esta dupla repetição acentua a importância da paz. Esta saudação é muito comum entre os judeus. Na Bíblia ela aparece quando surge um mensageiro da parte de Deus (Jz 6,23; Tb 12,17) Paz, na Bíblia hebraica (shalom), é uma palavra muito rica, significando uma série de atitudes e desejos do ser humano. Paz significa integridade da pessoa diante de Deus e dos outros. Significa também uma vida plena, feliz, abundante (Jo 10,10). A paz é sinal da presença de Deus, porque o nosso Deus é um “Deus da paz” (Jz 6,24; Rm 15,33).
Hoje, o que mais precisamos é de paz. Como reconstruir as relações quebradas por tantas mortes vividas durante esta pandemia? Relações quebradas por causa das injustiças, do desgoverno e por tantos outros motivos. Jesus insiste na paz.
Não só deseja a paz, mas também soprou sobre eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo”. E lhes confere uma missão: Como o Pai me enviou eu também vos envio” (Jo 20,15). O Crucificado, ressuscitado, sopra esse mesmo espírito sobre seus Apóstolos, para que eles, por sua vez, comuniquem o sopro da misericórdia divina a todos as pessoas, cuja expressão máxima é a remissão dos pecados em toda a terra.
Na segunda aparição Jo 15, 24-29, oito dias depois, novamente Jesus se coloca no centro e se aproxima de Tomé e ao invés de repudiá-lo pela sua falta de fé, se aproxima e num gesto de profunda intimidade lhe diz: “Vem Tomé, põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20,27). Poderia haver gesto mais complacente e misericordioso do que esse? Papa Francisco em sua mensagem na benção Urbi et Orbi da Páscoa de 2020 assim se expressou: “nesta festa da Divina Misericórdia, o anúncio mais encantador chega através do discípulo mais atrasado. Só faltava Tomé. Mas, o Senhor esperou por ele. A misericórdia não abandona quem fica para trás.” Tomé ao tocar as chagas de Jesus pode assim sentir o quanto Jesus sofrera por ele, que O tinha abandonado e faz sua profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). E Jesus completa com a mensagem final: “Você acreditou porque viu! Felizes os que não viram e, no entanto, creram! ” (Jo. 20,29). Com esta frase, Jesus declara felizes a todos nós que estamos nesta condição: sem termos visto, acreditamos que o Jesus que está no nosso meio é o mesmo que morreu crucificado!
O Papa Francisco neste domingo da Misericórdia nos faz uma convocação: “Noventa anos atrás, o Senhor Jesus se manifestou à Santa Faustina Kowalska, confiando-lhe uma mensagem especial da Divina Misericórdia. Através de São João Paulo II, aquela mensagem chegou ao mundo inteiro e não é outra coisa senão o Evangelho de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, que nos dá a misericórdia do Pai. Abramos os nossos corações a Ele, dizendo com fé: ‘Jesus, confio em Ti’.”
Celebrando este domingo da “Divina Misericórdia” somos convidados a deixar de lado o medo que nos impede de sermos autênticas testemunhas do Cristo Crucificado e Ressuscitado. Acolhamos o dom da paz e da reconciliação que Jesus nos oferece. Que o sopro divino de sua paz e misericórdia toque os corações de tantas pessoas hoje feridas e entristecidas pela morte de seus entes queridos por esta pandemia e por outras calamidades. Que o Espírito Santo guie e fortifique nossa fé, levando-nos a confessar: “Meu Senhor e meu Deus” eu confio e espero em TI. (Ir. Amarilda Rossatto – Superiora Geral – FSJ)