28° Domingo do Tempo Comum

08/10/2020

Paz e Bem!

O banquete do Reino e o traje adequado – Mt 22,1-14 – A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem do “banquete” para descrever a realidade do Reino de Deus. Por três domingo seguidos tivemos o cenário da vinha, com duras críticas aos dirigentes religiosos de Israel. Continuamos em Jerusalém, nos dias que antecedem a Páscoa. Os dirigentes religiosos judeus aumentam a pressão sobre Jesus. Instalados nas suas certezas e seguranças, já decidiram que a proposta de Jesus não vem de Deus. Rejeitam, de forma absoluta, o Reino que Ele anuncia. O texto de hoje, na verdade, são duas parábolas numa só narrativa: a dos convidados para o “banquete” (Mt 22,1-10) e a do que se apresentou sem o traje adequado (Mt 22,11-14). As duas parábolas terão sido reunidas pelo evangelista em torno do cenário de um “banquete”. Na cultura semita, – como em culturas ainda hoje – o “banquete”, era o lugar do encontro, da comunhão, do estreitamento de laços familiares. Além disso, era também a cerimônia através da qual se confirmava o “status” das pessoas e o seu lugar dentro da escala social. Quem organizava um “banquete” procurava fazer uma seleção cuidadosa dos convidados: a presença de gente “desclassificada” era desonra aos olhos de toda a comunidade, e rebaixava o “status” do dono da festa. Por outro lado, a presença à mesa de pessoas importantes realçava a importância e a honra da família. A parábola fala de um rei que organizou um banquete para celebrar o casamento do seu filho. Convidou várias pessoas, certamente todas de projeção social e econômica, mas os convidados recusaram-se a participar no “banquete”, por razões as mais diversas. Segundo Mateus, teriam até assassinado os emissários do rei… Trata-se de um quadro gravíssimo: recusar o convite já era uma ofensa gravíssima. Como se isso não bastasse, esses convidados manifestaram desprezo total pelo rei, matando os seus servos. Apesar de tudo, o rei manteve a festa e mandou que fossem trazidos para o “banquete” todos aqueles que fossem encontrados nas “encruzilhadas dos caminhos”. Esses “desclassificados”, que nunca tinham se sentado à mesa de um personagem importante, celebraram a festa do rei. O sentido da parábola é óbvio… Deus é o rei que convidou Israel para o “banquete” do encontro, da comunhão, da chegada dos tempos messiânicos. Os sacerdotes, os escribas, os doutores da Lei recusaram o convite e preferiram continuar agarrados à “teologia oficial”, de um Deus que pune os pecadores e salva as elites religiosas. Além do mais, mataram os profetas, os “servos” de Deus. Então Deus convidou para o “banquete do reino” os pecadores e desclassificados, os que estavam “fora’ da comunhão com Deus e do Reino, segundo a doutrina oficial, ensinada pelas elites religiosas. A segunda parábola é a do convidado que se apresentou na festa sem o traje nupcial. O rei que organizou o “banquete” mandou, então, lançá-lo fora da sala onde se realizava a festa (vv 11-14). É um texto que  gera impacto, surpresa e desconforto, se lido em continuidade à primeira parábola. Certamente esta segunda parábola foi dita por Jesus em outro contexto. Trata-se de uma advertência a todos os batizados, que aderiram à proposta de Jesus, estão entre os “convidados da festa do Reino” mas não se “revestiram” do traje do amor, da partilha, do serviço, da misericórdia, do dom da vida. Continuam revestidos de egoísmo, de arrogância, de injustiças, de fechamento no seu eu. Com tais vestes não se pode participar da festa do encontro e da comunhão com Deus. Isto ontem, hoje e sempre. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ