27° Domingo do Tempo Comum

01/10/2020

A vinha de Deus – Mt 21,33-43 – Estamos há três domingos  em torno  do cenário da “vinha, com as respectivas parábolas: a dos “trabalhadores da vinha” (Mt 20, 1-16), a do “pai que manda os dois filhos trabalharem na vinha” (Mt 21, 28-32) e dos enviados para a colheita na “vinha de Deus” (  Mt 21,33-43). Estamos em Jerusalém, logo após a entrada triunfal de Jesus na cidade (cf. Mt 21,1-11). De hora em hora, cresce a tensão entre Jesus e os seus adversários. Os líderes judaicos pressionam Jesus, num esquema de “processo organizado”. No horizonte próximo está a prisão, o julgamento, a condenação à morte de Jesus. Ele está plenamente consciente do destino que lhe está reservado, mas enfrenta os dirigentes e condena duramente a sua recusa em acolher o Reino. Jesus critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram da “vinha de Deus” em benefício próprio e que se recusaram a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus, neste domingo, anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera. A parábola dos vinhateiros faz eco ao texto de Is 5,1-7,da primeira leitura, em que o “senhor” plantou uma “vinha”, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre. A partir daqui o Evangelho afasta-se um pouco da parábola de Isaías. Segundo Jesus, quem explorou diretamente a “vinha”  não foi o  proprietário, mas confiou-a a uns “vinhateiros” que deviam dar-lhe uma determinada percentagem dos frutos produzidos. No entanto, quando os “servos” do “senhor” apareceram para recolher a parte que pertencia ao seu senhor, foram maltratados e assassinados pelos “vinhateiros”. O próprio filho foi também assassinado. A parábola tem perfil de alegoria: a “vinha” é o Povo de Deus; o dono da “vinha” é Deus; os “vinhateiros” são os líderes religiosos judaicos; os “servos” enviados pelo “senhor” são, evidentemente, os profetas que os líderes da nação, tantas vezes, perseguiram, apedrejaram e mataram; o “filho” morto “fora da vinha” é Jesus, assassinado fora dos muros de Jerusalém. É um quadro de uma gravidade extrema. Os “vinhateiros” não só não entregaram ao “senhor” os frutos que lhe deviam, mas fecharam todos os caminhos de diálogo e recusaram todas as possibilidades de encontro e de entendimento com o “senhor”: maltrataram e apedrejaram os servos enviados pelo “senhor” e assassinaram o filho. Uma descrição sem precedentes da perversão dos lideres político-religiosos de Israel. Oxalá não houvesse nenhuma semelhança com determinadas lideranças politico-religiosas de nossos dias! Então Jesus interpela diretamente os seus ouvintes: “quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?” Interessante observar que Jesus não dá destaque à morte do filho, mas seu foco está nos “vinhateiros”. Está claro tratar-se de uma dura oposição entre Jesus e as lideranças religiosas de Jerusalém. A vinha, o reino de Deus, é este tesouro absoluto que precisa ser cuidado e produzir frutos de justiça, misericórdia e fidelidade (cf Mt 23,23).  A vinha de Deus continua a necessitar de bons vinhateiros. Que o Espírito de Deus suscite tais “operários” neste mês missionário. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ