26º Domingo do Tempo Comum

26/09/2024

Quem não é contra nós é por nós –  Mc 9,38-43.45-47-48 – A liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum é muito oportuna para o atual contexto religioso, em que a crescente atitude de intolerância assume perfis os mais variados. Na recente visita do papa a países asiáticos, nos quais a maioria dos povos professam uma fé distinta da cristã católica, não faltaram críticas e mesmo acusações muito sérias de cristãos à pessoa do Papa. Anos atrás já vimos o “escândalo” gerado pela atitude do Papa de lavar os pés de muçulmanos e presidiários. O puritanismo farisaico habita profundamente em muitos membros das Igrejas. O “fora da Igreja não há salvação” prossegue em seu sentido literal. A Palavra de Deus deste domingo nos convida a reconhecer e aceitar a presença e a ação do Espírito de Deus nas mais diversas realidades. Há tantas pessoas boas que não pertencem à instituição Igreja e que são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo. A primeira leitura mostra a verdade da grande afirmação de que o “Espírito sopra onde quer”. O relato da experiência do deserto mostra que o Espírito é dom que atua na liberdade. O Evangelho, uma composição de diversos ditos de Jesus, é um convite a romper com o círculo fechado da arrogância, do ciúme, da posse pessoal exclusiva do bem e da verdade. O cenário do Evangelho é ainda Cafarnaum, um povoado de pescadores situado junto do Lago de Tiberíades. Jesus está “em casa” rodeado pelos discípulos. A ida para Jerusalém está próxima e os discípulos estão conscientes de que se aproximam tempos decisivos para esse projeto no qual estão envolvidos. A mudança de mentalidade, tão decisiva para todos,  ainda não ocorreu. O seguimento de Jesus é perpassado por sonhos de poder, de grandeza e de prestígio… Não conseguem perceber a lógica do Reino. Assim temos um texto de instrução, com uma série de “ditos” de Jesus, com as exigências para pertencer à comunidade do Reino. O tema principal é a necessidade de a comunidade cristã ser uma comunidade aberta, acolhedora, tolerante, capaz de aceitar como sinais de Deus os gestos libertadores que acontecem no mundo. Desta vez é João (e não Pedro) que reclama por alguém fazer o bem em nome de Jesus, sem ser do grupo. E se acha no poder de impedir tal ação. Para Jesus, quem luta pela justiça e faz obras em favor da humanidade, está na dinâmica do Reino, mesmo que não esteja formalmente dentro da estrutura eclesial. Nos demais “ditos” de Jesus são usadas imagens muito fortes, que não devem ser levas ao pé da letra, pois seu sentido está por trás das palavras. Em síntese, querem nos convocar a fazermos escolhas acertadas e assumir a radicalidade dos valores do Reino. O apelo de Jesus a não “escandalizar” os pequenos, faz-nos pensar na forma como nos relacionamos com os pobres, com os que têm atitudes moralmente reprováveis, aqueles que tem outras opções religiosas, politicas, afetivas, os que a sociedade marginaliza e rejeita… Quem consigamos compreender e viver este dito de Jesus: “Quem não é contra nós é por nós”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ