26º Domingo do TC
“Trabalhar na vinha” – Mt 21,28-32 – A liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum nos traz novamente um cenário de vinha. No 25º domingo vimos a parábola dos trabalhadores chamados a trabalhar na vinha. Parece que o proprietário não queria ver ninguém sem estar trabalhando. Foi chamando até o fim do dia. O “fazer”, o “trabalhar”, o “operar” é destaque no Evangelho de Mateus. O Juízo Final (Mt 25) será sobre o que “fizermos” aos outros. Os discípulos são chamados de “operários”. Chama “operários para a messe”. A vinha, na Sagrada Escritura, era imagem do Povo de Israel. O povo que vivia a Aliança era a “vinha do Senhor”. Jesus vem para restaurar a “vinha” que foi “devastada” pelos maus operários, ou seja, as lideranças religiosas do seu tempo. Jesus narra esta parábola no contexto conflitivo de Jerusalém. Mateus 21 inicia com a “entrada de Jesus em Jerusalém”(21,1-11). A seguir, expulsa os “vendilhões do templo” (21,12-13), pronuncia a “maldição da figueira” (21,18-22) e Jesus tem discussão sobre a sua “autoridade” (21,23-27). Segue a parábola dos dois filhos, com foco nas autoridades religiosas de Jerusalém. O primeiro filho foi convidado pelo pai a trabalhar “na vinha”. A sua resposta foi negativa: “não quero”. Uma resposta totalmente reprovável, uma atitude contra todas as convenções sociais. No entanto, este primeiro filho acabou repensando e foi trabalhar (vv. 28-29). O segundo filho, diante do mesmo convite, respondeu: “vou, sim, senhor”. Com sua resposta, ficou com boa imagem diante de todos, considerado um filho exemplar. No entanto, acabou por não ir (v. 30). A questão posta, em seguida, por Jesus, é: “qual dos dois fez a vontade do pai?” A resposta é tão óbvia que os próprios ouvintes de Jesus respondem imediatamente: “o primeiro” (v 31). Por detrás desta parábola está a realidade dos fariseus, dos sacerdotes, dos anciãos do Povo, que disseram “sim” a Deus ao aceitar a Lei de Moisés, mas agora se recusaram-se a acolher o convite de João à conversão. Em contrapartida, aqueles que teriam dito “não”, como os “cobradores de impostos e as prostitutas” (v.31 b), acolheram o convite à conversão de João e assumiram a proposta do Reino que Jesus veio a trazer (v. 32). O Evangelho de Mateus, escrito em torno dos anos 80-90 dC, usou desta parábola para mostrar que os judeus recusaram o Evangelho e os pagãos o acolheram. Israel seria esse “filho” que aceitou trabalhar na vinha, mas, na realidade, não cumpriu a vontade do Pai, não aceitou o Evangelho. Os pagãos seriam esse “filho” que, aparentemente, esteve sempre à margem dos projetos do Pai, mas aceitou o Evangelho de Jesus e aderiu ao Reino. Além do mais, a parábola dos dois filhos chamados para trabalhar “na vinha” do pai sugere que todos somos convocados a construir o Reino do Pai. Ninguém está dispensado de participar na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno. Esta construção se faz com ações concretas. Não basta dizer “Senhor, Senhor”, mas precisa “operar”, fazer, agir. “Quem faz a vontade do Pai…” Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ