24º Domingo do Tempo Comum

12/09/2024

“Compreender as coisas de Deus”- Mc 8,27-35A liturgia do 24.º Domingo do Tempo Comum, neste mês da Bíblia, nos coloca no coração do Evangelho e das exigências do Reino. Quem quiser salvar a sua vida, seu modo de pensar, seus interesses, seus bens materiais, perderá sua vida para sempre. Quem inverter esta forma de ser e de viver, alcançará a plenitude da existência. A primeira leitura, do profeta Isaías, descreve a necessidade de cultivar atitudes de resistência para prosseguir, confiando no socorro divino. Olhando o Evangelho, observa-se que, do ponto de vista literário, o texto deste domingo situa-se no centro do 2º Evangelho, que é claramente dividido em duas partes. Na primeira tivemos toda a ação de Jesus e seus conflitos com as elites religiosas do judaísmo. São os textos que estivemos lendo até agora, neste ano. Na segunda parte teremos o ensino mais aproximado dos discípulos e o desfecho da vida de Jesus. Mc 8,27-30 são os últimos versículos da primeira parte e, em Mc 8,31-35, temos os primeiros versículos da segunda parte. Trata-se da revelação de Jesus como Messias e das condições para o seguimento como discípulos.  Inicia com a confissão messiânica de Pedro, em Cesareia de Filipe: “Tu és o Messias”. Cesareia de Filipe era uma cidade situada no Norte da Galileia, no sopé do Monte Hermon, junto de uma das nascentes do rio Jordão. Era uma cidade marcada pelo paganismo e pelo culto ao imperador. Na segunda parte vemos  que Jesus, além de ser o Messias libertador, é também o “Filho de Deus”. Porém Ele não veio ao mundo como Messias de triunfos e glórias humanas, mas para oferecer a sua vida em dom de amor. Acolher esta meta de Jesus é a grande dificuldade dos seus seguidores. Pedro, no questionamento feito por Jesus, respondera corretamente, mas a sua compreensão de Jesus como “Messias” estava corrompida  por esperanças político-nacionalistas.  Então Jesus mostra que o seu messianismo não passa pelos triunfos políticos ou militares, mas pela cruz e pela doação da própria vida, doada no amor. Deixa também claro que a sua entrega na cruz não é o ponto final da sua vida: Ele ressuscitará “três dias depois”, porque a entrega da própria vida por amor é fonte de Vida definitiva. Pedro não está de acordo com esse final, pois não entende que a cruz conduza à Vida. Jesus dirige-se a Pedro com bastante dureza, pois sua maneira de pensar é por demais limitada e fechada. É uma maneira “diabólica “de querer desviar Jesus de sua meta. São as tentações que acompanham Jesus ao longo de toda a sua trajetória. Pedro pode ainda estar bem representado pelo surdo-mudo do Evangelho do domingo anterior, a quem Jesus, olhando para o céu, suspira: “Abre-te”. Para compreendermos as coisas de Deus Jesus continua nos dizendo: abre-te, pois não há ‘negociação” para quem Ele chama. “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ