21 Domingo TC – dia 25/08/2019
O Evangelho não pode ser adiado – Lc 13,22-30 – O episódio do Evangelho do 21º domingo inicia informando-nos que Jesus está “a caminho de Jerusalém”, conforme estamos acompanhando nestes domingos todos. O interesse central desta caminhada continua sendo a catequese para o verdadeiro discipulado a caminho do Reino, projeto pelo qual Jesus se encarnou e deu sua vida. Segundo alguns estudiosos, o texto de Lc 13,22-30 é uma compilação de ditos de Jesus pronunciados em contextos variados. O evangelista os teria agrupado para melhor destacar a realidade do Reino, segundo a compreensão da comunidade lucana. Na raiz destes ditos está a necessidade de entendimento da teologia dos judeus, em contraposição com a de Jesus. Conforme se pode observar, o texto apresenta as palavras de Jesus sobre a Salvação. O tema da polêmica é a SALVAÇÃO. Entra em cena um personagem, não identificado, que lança a pergunta: “Senhor, são poucos os que se salvam”? A questão da salvação, da vida eterna, era tema forte entre os Judeus na época de Jesus. Houve quem foi perguntar a Jesus o que deveria fazer para alcançar a vida eterna, a salvação definitiva (cf Mc 10, 17-30; Lc 18,18-30;Mt 19,16-30). Para os fariseus da época de Jesus, a “salvação” era uma realidade reservada ao “Povo eleito” e só a ele. Em outros grupos reinava uma visão mais pessimista, que achavam serem poucos os destinados à salvação. Jesus, porém, fala de Deus como Pai misericordioso, cuja bondade acolhe a todos, especialmente os pobres, os fracos, os excluídos da salvação, segundo critérios da religião tradicional de então. Neste contexto faz sentido a pergunta feita a Jesus sobre quem se salva. Como em outras ocasiões, Jesus prefere não responder diretamente, mas reflete sobre o caminho que leva à salvação. Não entra no critério de “muitos” ou “poucos”, mas trata das condições para pertencer ao Reino e estimula seus discípulos a se engajarem neste projeto. Para que não haja enganos, o critério fundamental é a prática da justiça. Não basta conhecer Jesus; é preciso comprometer a vida com os valores que seu estilo de vida vem destacando. É preciso “entrar pela porta estreita”. A imagem é sugestiva e vai de encontro aos textos precedentes, nos quais entra em discussão a questão da ganância, do acúmulo, da riqueza e da partilha dos bens. Muitos não conseguirão entrar pois buscam “portas largas” para levarem consigo a riqueza, a ambição, a ganância pelo poder e domínio, a “autorreferencialidade”, expressão usual do Papa Francisco. Olhando para o que virá, ao lado dos “patriarcas e profetas”, considerados os convidados especiais do banquete, estão todos os que acolheram a Boa Nova do Reino no seguimento de Jesus e assumiram um estilo de vida de doação, amor e serviço. Não haverá outros critérios de mérito, ou etnia, hierarquias, cultura ou religião que barre o acesso ao banquete do Reino. Mas para participar deste banquete, no hoje de nosso tempo, consideremos o que o papa Francisco falou na praça de São Pedro, no dia 18 deste mês: O Evangelho não pode ser adiado”…”É bom sermos chamados de cristãos, mas acima de tudo, devemos ser cristãos em situações concretas, testemunhando o Evangelho que é, essencialmente, amor por Deus e pelos nossos irmãos”… “Para viver de acordo com o espírito do Evangelho, é necessário que, diante das sempre novas necessidades que estão por vir no mundo, existam discípulos de Cristo que saibam responder com novas iniciativas de caridade” – Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ