1º Domingo do Advento – 02/12/2018
A graça de esperar – Lc 21,25-28.34-36. Estamos iniciando o tempo do Advento, tempo para cultivar a “graça de esperar”. É um tempo que vem na contramão do ritmo acelerado em que vivemos, da prática do descartável ao qual nos habituamos. Já não sabemos mais esperar. O Advento nos convida a esperar, a saborear a novidade de Deus e nutrir a esperança de sua vinda, uma espera fecunda, ativa, solidária, de justiça e paz. O Evangelho deste primeiro domingo do Advento é um discurso apocalíptico, linguagem própria de tempos difíceis, como foi o do contexto do surgimento do evangelho de Lucas, escrito por volta do ano 90 d.C., após a guerra Judaica e a destruição de Jerusalém. O Império Romano, a grande “besta fera”, dominava com crueldade; havia conflitos entre os judeus e os seguidores de Jesus. Lucas não se detém na descrição das catástrofes cósmicas, como lemos em Mc. Dá mais atenção à reação das pessoas diante dos acontecimentos e acentua o lado positivo: “erguei-vos”, “levantai a cabeça”, “permanecei sempre despertos”, “a libertação está próxima” . Os impérios dominadores têm seus dias contatos, os sinais já estão em curso, a vinda do “Filho do Homem” está às portas. Após os abalos cósmicos que atingem as nações contrárias ao Projeto de Deus, é prometida a salvação àqueles que permanecem fiéis. A descrição de abalos cósmicos visa nutrir a esperança. Em nossos dias vivemos num contexto de mundo e de Brasil de muita perplexidade. Muitos dos que sonham com outro modelo econômico-social deste que está em curso, andam como que encurvados, ‘com a cabeça baixa’. Uma experiência de desânimo e desilusão. Mas é este o momento de escutar o chamado de Jesus: “erguei-vos”, animai-vos uns aos outros. “Levantai a cabeça” com firmeza e confiança. Não olheis o futuro somente a partir de vossos cálculos e previsões. “Aproxima-se a vossa libertação”. Um dia não vivereis mais encurvados, oprimidos, excluídos, nem tentados pelo desânimo. Enquanto isso, algumas atitudes precisam ser cultivadas: “tende cuidado para que não se embote a vossa mente” ou, “cuidado para que os corações não fiquem insensíveis”. A insensibilidade é sintoma de desumanidade. Só valem os bens materiais, nos ajoelhamos em adoração ao “deus dinheiro”, se vale pelo que se consome. A ideologia do consumo é uma armadilha: “excessos, bebedeira, preocupações com a vida”. Este estilo de vida vos tornará sempre mais desumanos. “Vigiai”! Cultivai a fé no seio de vossas comunidades. Sede mais atentos ao Evangelho. Cuidai melhor da minha presença no meio de vós, pois, por vezes, não sou reconhecido no rosto dos pobres. Suplicai o vigor do alto para “terem força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficar de pé diante do Filho do Homem”. Cultivem a graça de esperar! Uma espera ativa, dinâmica, articulada, comunitária. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ