1º Domingo do Advento
“Erguei-vos e levantai a cabeça”, – Lc 21,25-28.34-36 – No 1º Domingo do Tempo do Advento, a liturgia aborda a ‘vinda’ do Senhor e alerta-nos para a necessidade de vigilância, pois os sofrimentos, as perseguições, as preocupações, o medo do futuro, por vezes, nos prostram e nos deixam cabisbaixos. “Erguei-vos e levantai a cabeça”, nos diz Jesus. É preciso estar de pé, em prontidão para acolher “Aquele que vem”, na disposição de construir um mundo humano, justo e fraterno.
O Evangelho que a Liturgia deste dia nos apresenta é uma seleção de versículos do chamado “discurso escatológico” de Lucas, em que se fazem presentes três realidades distintas, difíceis de serem compreendidas. Uma é a histórica “destruição de Jerusalém”, ocorrida no ano 70dC; outra questão é o “fim dos tempos”, tema de muita imaginação. Uma terceira dificuldade é a “segunda vinda de Cristo”, pensada para um curto espaço de tempo nos inícios da Igreja. As dificuldades de interpretação tornam-se maiores em virtude da linguagem simbólica usada, própria do gênero apocalíptico, e pelo fato de a queda de Jerusalém aparecer como uma imagem e linguagem de “fim do mundo”.
Uma coisa é certa: nem Jesus nem os evangelistas tinham em vista responder a todas estas questões e satisfazer a curiosidade humana acerca de quando e de como será o fim deste mundo. O objetivo do discurso é ajudar a superar as dificuldades que os seguidores de Jesus enfrentam e a permanecer firmes e vigilantes na fé até ao fim: “vigiai e orai em todo o tempo” (v. 36). Este discurso é também um grito de esperança para todos os cristãos sujeitos a sofrimentos de toda a espécie: “erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (v. 28).
O texto inicia com a descrição de “sinais” catastróficos. Não se trata do fim do mundo, pois são imagens utilizadas pelos profetas para falar do “dia do Senhor”, o dia em que Iahweh vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo da escravidão O cenário destina-se, não a amedrontar, mas a abrir os corações à esperança.
O centro do discurso é a vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (Lc 21,27) e o convite: ‘erguei-vos e levantai a cabeça porque a libertação está próxima” (Lc 21,28). O projeto de salvação/libertação da humanidade, concretizado nas palavras e nos gestos de Jesus, é apresentado como “resgate” de uma humanidade prisioneira do egoísmo, do pecado, da morte. Trata-se, portanto, da libertação de tudo o que escraviza a humanidade e impede-a de viver na dignidade de filhos de Deus.
Há um forte convite à vigilância (cf. Lc 21,34-36), atitude fundamental para tempos difíceis: é necessário manter uma atenção constante, a fim de que as preocupações terrenas e as armadilhas escravizantes não impeçam os discípulos de reconhecer e de acolher o Senhor que vem, sem “hora marcada”.
A mensagem do Evangelho é clara: o caminho dos discípulos é um caminho de sofrimentos, perseguições, incompreensões (cf. Lc 21,12-19). A “esperança” e a confiança serão o sustento da caminhada, dando a certeza de que o Senhor vem. Com a sua vinda gloriosa, cessarão a escravidão e a violência, as doenças e a fome, porque não dizer, o fim desta pandemia, e nascerá um mundo novo, de saúde, alegria, comunhão e respeito, de felicidade plena. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ