19º Domingo do Tempo Comum
A força do pão – Jo 6,41-51 – Neste 19º domingo do Tempo Comum, a família franciscana, numa feliz coincidência, celebra o dia de Santa Clara, e a sociedade brasileira celebra o dia dos Pais. São diversos os olhares que preenchem nossa mente e enriquecem o nosso coração. Mas nossa motivação é “saborear” a Palavra que a Liturgia nos oferece. A primeira leitura, do Livro dos Reis, nos coloca em contato com o profeta Elias, o pai do profetismo bíblico que, fugindo da perseguição, cai no desânimo, pensa desistir do caminho e da missão. Como tem um longo caminho pela frente, Deus cuida dele e oferece pão. Pela força deste pão, caminha quarenta dias e mergulha no mistério de Deus numa “brisa leve”. O Evangelho, em continuidade ao dos domingos anteriores, apresenta Jesus como “pão vivo” que desceu do céu para trazer vida a todos. Mas esta revelação não se dá de maneira tranquila. O texto evangélico deste domingo coloca-nos no centro de uma das controvérsias de Jesus com os líderes judaicos. Jesus saciara a fome de uma multidão de famintos, oferecendo-lhes pão e peixe. No dia seguinte, a multidão saciada tinha ido novamente procurar Jesus, em busca de mais pão. Jesus busca esclarecer as coisas e convida aquelas pessoas a procurá-lo, não em busca de uma comida material e perecível, mas de um alimento que proporciona vida eterna. De forma inesperada, literariamente falando, o evangelista João insere as autoridades judaicas que vão substituir “a multidão” com a qual Jesus estava falando. Estes reagem com hostilidade e agressividade. Não conseguiam ver em Jesus “o pão da vida”, o alimento para “a vida eterna”. O cenário do confronto entre Jesus e “os judeus” é a sinagoga de Cafarnaum, espaço religioso judaico. Os líderes religiosos não acolhem a proclamação de Jesus como “o pão da Vida”. Eles dizem conhecer a sua origem humana, sabem que o seu pai é José, conhecem a sua mãe Maria e a sua família. Todos bem conhecidos, cuja identidade é de gente simples da aldeia. Jesus não pode ter origem divina. Sua reação então é murmurar, uma forma perigosa e disfarçada de rebelião interior. Instalados nas suas certezas, presos em suas seguranças, acomodados em sua religião ritualista, estão, há muito tempo, afastados do verdadeiro Deus, mas insistem em serem eles os donos da verdade. As afirmações de Jesus são verdadeiras denúncias à pretensa sabedoria dos judeus. Então Jesus faz uma declaração solene: “Eu sou o pão da Vida”. A expressão “Eu sou” é uma fórmula de revelação divina, desde o Êxodo, muito estimada pelos judeus. Dizendo “eu sou. Jesus se declara Deus. O pão é Jesus e Jesus é Deus. Para escândalo ainda maior, Jesus identifica o “pão” que vem do céu, como sendo sua “carne”. A “carne” no ambiente semita, designa a pessoa na sua condição terrena e limitada, frágil, que vive com a morte no horizonte. Na encarnação, “o verbo se fez carne”, isto é, assumiu a fragilidade dos humanos e nos mostrou o caminho para o divino. Na fragilidade do pão está a força da salvação. “Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo”. Prosseguindo a leitura do “discurso do pão da vida”, vamos assistir a uma ruptura total de Jesus com os lideres judaicos. É a força do pão da vida que rompe com as forças da morte. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ