19º Domingo do Tempo Comum
Vigiar e cuidar do verdadeiro tesouro – Lc 12, 32-48 – Neste 19º domingo do Tempo Comum a Palavra de Deus nos convida ao cuidado e à “vigilância”. Quem segue Jesus não vive de braços cruzados, numa existência acomodada, esperando que tudo caia pronto do céu. Está sempre em estado de alerta, disponível para ouvir a voz do Senhor que convida a engajar-se na construção do Reino de Deus.
Continuamos a percorrer o “caminho de Jerusalém”. Desta vez, Jesus dirige-Se explicitamente ao grupo dos discípulos: “não temais, pequeno rebanho” (cf. Lc 12,32). O grupo de seguidores de Jesus não é numeroso, mas será sempre referência de vida.
Do ponto de vista literário, Lucas vem situando os ensinamentos de Jesus dentro de uma lógica crescente. Inicia alertando para o cuidado no uso dos bens materiais, conforme vimos no domingo anterior, quando Jesus se omitiu de opinar sobre a partilha dos bens da herança e pôs-se a falar sobre a necessidade de desprendimento dos bens da terra (cf. Lc 12,13-21) e sobre a importância de abandonar a vida nas mãos de Deus (cf. Lc 12,22-34).
No texto deste domingo Jesus mostra o que é necessário fazer para que o “Reino” seja sempre uma realidade presente na vida dos discípulos e para que os “tesouros” deste mundo não sejam o sentido da vida. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
Dada a tendência humana de se apropriar sempre de tudo, se faz necessário estar sempre “vigilante”. Temos então três parábolas, um tanto difíceis de entender, mas ligadas pelo tema da vigilância.
A primeira parábola (vv. 35-38) convida a ter os “rins cingidos e as lâmpadas acesas”, como na noite da libertação do Egito. É preciso estar preparado para acolher a libertação que Jesus veio trazer e que os levará da terra da escravidão para a terra da liberdade. A vigilância também se faz necessária para a acolhida do “noivo” (Jesus) que não tem hora marcada para chegar. A festa do casamento, a celebração da “nova aliança” é fonte de vida e júbilo: “Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes”.
A segunda (vv. 39-40) confirma esta incerteza da hora em que o Senhor virá. A imagem do ladrão que chega a qualquer hora, sem ser esperado, é uma imagem estranha para falar de Deus; mas mostra que o discípulo fiel é aquele que sempre está preparado, a qualquer hora e em qualquer circunstância, para acolher o Senhor que vem.
A terceira (vv. 41-48) parece dirigir-se aos responsáveis da comunidade cristã, após os anos 80. Talvez no tempo de Jesus fosse uma crítica aos responsáveis do Povo de Israel. Quando Lucas escreveu o Evangelho, aplicou esta crítica aos líderes das comunidades que deviam estar fazendo mau uso de se sua função e que serão “castigados”. Os dois últimos versículos como que classificam o tipo de castigo aos que não obedecem ou não exercem sua função de forma adequada.
Concluindo, podemos perceber que a Palavra de Deus deste domingo nos convoca a assumir as responsabilidades e a desempenhar, com cuidado e vigilância, as funções que nos foram confiadas. O caminho é cumprir as tarefas que lhes foram confiadas, com humildade e simplicidade. Certamente temos aqui exortações e afirmações de grande atualidade, quando lideranças políticas e religiosas instalam-se no egoísmo e no comodismo, na manipulação da fé dos pequenos ou na exploração e morte de um povo. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ