18º Domingo do Tempo Comum – 01/08/2021
“Eu sou o pão da vida” – Jo 6,24-35 – O evangelho do 18º Domingo do Tempo Comum está em continuidade ao do domingo passado, em que João narra como Jesus alimentou a multidão com “cinco pães e dois peixes”, na “outra” margem do Lago de Tiberíades (cf. Jo 6,1-15). Ao “cair da tarde” desse dia, Jesus e os discípulos voltaram a Cafarnaum (cf. Jo 6,16-21). O cenário da narrativa, portanto, é Cafarnaum, no “dia seguinte”. Nessa manhã, a multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes partilhados e que ainda estava do “outro lado” do lago, percebeu que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro. A multidão encontra Jesus na sinagoga. Confrontado com a multidão, Jesus profere um discurso (cf. Jo 6,22-59) que explica o sentido do sinal da partilha dos pães e dos peixes.
A cena inicial (v. 24) sugere que a pregação de Jesus alcançou um êxito total: a multidão está entusiasmada, procura Jesus e segue-o por todo o lado. A missão não podia ser melhor, mas Jesus percebe que o povo está equivocado e que o procuram por outras razões. A multiplicação dos pães e dos peixes pretendia ser uma “boa nova” de amor, partilha e serviço; mas a multidão não foi sensível ao significado profundo do gesto, não aderiu ao projeto. Queriam o pão sem conquistá-lo pela participação e adesão a uma proposta de vida. Sempre um perigo!
As palavras que Jesus dirige àqueles que O rodeiam põem o problema da seguinte forma: eles não procuram Jesus, mas a solução dos seus problemas materiais (v. 26). Trata-se de uma procura material, necessária, porém insuficiente. Depois de identificar o problema, Jesus avisa que é preciso esforçar-se por conseguir, não só o alimento que mata a fome física, mas sobretudo o alimento que sacia a fome de vida plena. Esse alimento que dá a vida plena é o próprio Jesus (v. 27).
O que é preciso fazer para receber esse pão? (v 28). É preciso optar por Jesus e por seu projeto, opção esta que a multidão não tinha no seu horizonte. A vida eterna é fruto do amor, do serviço, da partilha, horizonte ausente na multidão que seguia Jesus. Certamente muito ausente também em muitos de nós que nos dizemos seguidores de Jesus hoje. Queremos herdar a vida eterna sem trabalhar nas obras de Deus e crer no enviado do Pai. A “vida eterna” consiste em ter a “vida do Eterno” em nós, em “praticar as obras de Deus”. Isto bem poucos compreendem.
Concluindo este discurso, Jesus mostra que Ele já não é aquele que dá o pão, mas é o próprio pão que Deus dá ao seu Povo (v. 35). Alimentar-se deste pão é ouvir a sua Palavra, acolher a sua proposta, assimilar os seus valores, fazer da vida um dom total de amor aos irmãos. É a Páscoa que Jesus tenta resgatar, conforme vimos no domingo anterior (Cf Jo 6,1-15). Jesus é o “pão da vida”.