15º Domingo do Tempo Comum – 11/07/2021

08/07/2021

Chamou e enviou – Mc 6,7-13 – O Evangelho do XV domingo do Tempo Comum trata das  instruções de Jesus a respeito do chamado e da missão dos discípulos. Marcos afirma que a iniciativa do chamamento dos discípulos é de Jesus: “ele chamou-os” (v.7). Se bem olharmos o Evangelho de Marcos, é a terceira vez que o autor informa sobre o chamamento dos discípulos. O primeiro tem como cenário o Mar da Galileia (cf Mc 1,16-20) e o foco deste primeiro chamado é o “seguimento” de Jesus. Deixam tudo e ‘seguem imediatamente “            O segundo ocorre no Monte (cf Mc 3,13-19). Aqui não se trata somente do “seguimento”, mas o Evangelho afirma que “chamou quem quis”, “foram e ficaram com Ele”, “para envia-los a pregar”, com a “autoridade para expulsar os demônios”. A terceira vez que Marcos se refere ao chamado e ao envio, está no Evangelho deste domingo. O foco maior está no envio e nas instruções cf (Mc 6,7-13). Ser escolhido, ir a Jesus, ficar com Ele, ser enviado e expulsar demônios é a identidade e missão do discípulo. Em nenhuma das narrativas há qualquer explicação sobre os critérios da escolha, a não ser que “chamou quem Ele quis”. Vontade soberana de Deus, sem nenhum mérito pessoal.

A narrativa deste domingo informa rapidamente que Jesus “chamou a si os Doze”. Trata-se de um número simbólico, que lembra as “doze” tribos de Israel. Os “doze apóstolos” significa certamente a totalidade dos discípulos, enviados a expulsar demónios e anunciar o Reino: “começou a envia-los dois a dois”. É provável que o envio de “dois a dois” tenha a ver com o costume judaico de viajar acompanhado, para ter ajuda e apoio em caso de necessidade. Mas o mais provável é que tenha a ver com a lei judaica, que exigia duas testemunhas para dar credibilidade a um anúncio (cf. Dt 19,15; Mt 18,16). A dimensão comunitária da Evangelização pode ser, no entanto, a principal razão deste ir “dois a dois”. A missão é de Deus e quem anuncia o faz de forma “comunitária”.

A seguir, Marcos define a missão que Jesus confiou aos seus: “deu-lhes poder sobre os espíritos impuros”. A expulsão dos espíritos impuros é uma constante Marcos (cf Mc 1,23-26. 32. 3,11; 5,1-12). O “espírito impuro” representa tudo aquilo que escraviza a pessoa e que a impede de chegar à vida em plena. Tanto ontem quanto hoje, estes “espíritos impuros” se multiplicam e se diversificam. Ė a corrupção, o desrespeito, a auto referencialidade, a violência, a exploração e até se poderia afirmar que a atual “pandemia” está habitada por uma “legião de espíritos maus”. Em torno da pandemia sofremos as mentiras, a exploração, o lucro colocado acima da vida…. A missão dos discípulos continua a mesma: “expulsar espíritos maus”.

Em seguida, o Evangelho traz as instruções para a missão (vv. 8-9). Para Jesus, os discípulos devem ir totalmente despojados de todos os bens e seguranças humanas. Devem ser livres e não estar amarrados a bens materiais. Essa atitude de pobreza e de despojamento ajudará também os discípulos a perceber que o resultado da missão não depende da abundância dos bens materiais, mas da ação de Deus. A pobreza revela que o discípulo colocou sua segurança em Deus. Seguem ainda umas instruções sobre como se comportar frente a hospitalidade (vv 10-11). Aceitar o que lhe é oferecido, mas não insistir com quem não quer.

Finalmente Marcos sintetiza a missão dos discípulos afirmando que pregavam a “conversão”, ou seja, a mudança radical de mentalidade, de valores, de atitudes. Esta conversão vinha acompanhada da expulsão dos demônios, da unção e cura dos doentes. Tudo em vista do Reino de Deus. Para sermos construtores do Reino Jesus continua a chamar e a enviar. Qual a postura dos  discípulos neste momento presente? Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ