13º Domingo do Tempo Comum
“E vós quem dizeis que Eu sou?” – Mt 16,13-19 – Neste ano, o 13º Domingo Comum coincide com a Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Assim sendo, há uma pausa na Leitura de Marcos, quando deixamos de refletir a bela narrativa da ressurreição da filha de Jairo e da cura da mulher que sofria de hemorragia. Sendo solenidade de S. Pedro e S. Paulo, transferida do dia 29 para o domingo, a liturgia nos convida a refletir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo. É também o “dia do Papa”, uma oportunidade de prece intensa pelo Papa Francisco, este homem que Deus confirmou na direção do barco da Igreja, e que sofre tempestades diversas. O cenário geográfico do Evangelho deste domingo é o Norte da Galileia, em Cesareia de Filipe, perto das nascentes do rio Jordão. Um ambiente de clima favorável e famílias mais abastadas tinham ali sua moradia ou sua casa de férias. O presente relato ocupa um lugar central no Evangelho de Mateus. Faz como que uma “dobradiça” entre um “antes” e um “depois”. O mesmo relato, com algumas diferenças, se e encontra em Marcos e Lucas. Jesus foi seguido por multidões e seus ensinamentos geraram entusiasmo entre os mais simples. Depois do êxito inicial do seu ministério, Jesus experimenta a oposição dos líderes religiosos e certo desinteresse por parte do povo. A sua proposta do Reino só vai sendo acolhida por um pequeno grupo. Neste ambiente humano e de encruzilhada, Jesus faz as perguntas aos discípulos. Não se trata de pesquisa de sua popularidade, mas ocasião de marcar a importância da adesão a Jesus, uma vez que no horizonte se vislumbra a cruz. Quanto ao texto em si, são dois os focos presentes: o cristológico e o eclesiológico. Quem é Jesus e o que vem a ser a Igreja. A opinião dos discípulos a respeito de Jesus vai muito além da opinião comum. Pedro, porta-voz da comunidade dos discípulos, resume a convicção de todo seguir de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Esta confissão só foi possível porque foi revelada pelo Pai. “És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim Meu Pai que está nos Céus”. E o Pai só se revela aos “pequeninos”, segundo vemos no próprio Evangelho de Mateus (cf Mt 11,26). Pedro mostra ser uma pessoa de intimidade com o Pai, para receber essa revelação. Sua sabedoria humana não alcançaria tal confissão. A intervenção de Jesus, diferente dos demais evangelhos, constitui mais uma revelação. Jesus confirma o que o Pai revelou a Pedro: “Eu também te digo”, e concede a missão. “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja”. A fé, a confissão de Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja será edificada. Não se trata de um mérito pessoal, de um privilégio, de um poder individual. A Igreja se constrói sobre a confissão de fé de quem faz a experiência da intimidade com o Pai. Pedro é o protótipo do discípulo verdadeiro. Por isso recebe as “chaves” e o “poder de ligar e desligar”, que não significa um poder de mando, como tanto se pensa. O papa Francisco demonstra ser um verdadeiro herdeiro de Pedro, portador de uma simplicidade digna de receber a revelação do Pai e a confirmação de Jesus. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ