11º Domingo do Tempo Comum

13/06/2024

O reino é como uma semente – Mc 4,26-34 – O 11º domingo do Tempo Comum, volta a falar do Reino de Deus, um Reino que se caracteriza pela pequenez, por valores que o mundo não reconhece, até mesmo rejeita. Estamos na Galileia, nas margens do lago de Tiberíades, certamente junto da cidade de Cafarnaum. Uma grande multidão está com Jesus, interessada em escutar os seus ensinamentos Então, Jesus “sobe para um barco e senta-se nele”, ficando a multidão na margem escutando-o. Jesus anuncia o Reino de Deus por meio de parábolas, uma linguagem acessível, interpeladora, concreta, viva. A parábola é uma forma pedagógica de chegar ao coração de quem a escuta. Jesus não se dirigia ao intelecto de quem o escutava, mas queria tocar-lhe o coração. Recorrendo a quadros conhecidos da natureza e da vida cotidiana, Jesus conduzia os ouvintes a tirarem por si mesmos as conclusões necessárias sobre aquilo que ele ensinava. O evangelho deste domingo apresenta-nos precisamente duas das bem conhecidas parábolas de Jesus. A primeira é a do grão que germina e cresce por si só, e a segunda é a do grão de mostarda. Ambas têm a pequenez da semente como símbolo e são metáforas da realidade do Reino de Deus. A primeira parábola trata da dinâmica da semente lançada ao chão. Curiosamente só menciona a função do agricultor de semear e colher. Nada diz a respeito de todas as suas demais atividades: arar a terra, preparar o chão, regar a semente, tirar as ervas. O foco está na semente que cresce por si só, sem intervenção do agricultor. O resultado final não depende dos esforços ou da ação  humana, mas sim do dinamismo da semente que foi lançada à terra. Assim é o Reino de Deus, que atua no silêncio da noite, cresce no tumulto do dia ou na turbulência da História. É provável que esta parábola tenha sido dirigida aos que queriam forçar a vinda do Reino. Os zelotas queriam instaurar o Reino de Deus pela força das armas; os fariseus, pela disciplina no cumprimento das Leis; os essênios, pela pureza ritual. O ensino é claro: não somos os protagonistas da história e nenhum projeto político ou religioso humano instaura o Reino de Deus. Ele é o Senhor da História. A segunda parábola é a do grão de mostarda. Enquanto a primeira punha em evidência o dinamismo da semente, a do grão de mostarda destaca o contraste entre a pequenez da semente e a grandeza da árvore. A comparação serve para dizer que a semente do Reino lançada pelo anúncio de Jesus pode parecer uma realidade pequena e insignificante, quase invisível, mas está destinada a atingir todos os cantos do mundo, transformando pessoas, povos, sociedades, culturas. O Reino de Deus inicia de forma modesta, fraca e pequena aos olhos do mundo, mas tem uma força poderosa, é movida pelo dinamismo divino. “É na fraqueza que está a força de Deus” (2Cor. 12,9). Neste mundo atual, em que os Meios de Comunicação colocam à nossa disposição um mundo de informações, de propostas para que assumamos o controle da vida e da história, estas parábolas são um convite à esperança, à confiança e à paciência. Nos fatos aparentemente irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na insignificância dos recursos, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na História e que oferece caminhos de salvação e de Vida plena. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ