04/11 – Liturgia Solenidade Todos os Santos

31/10/2018

“Tu és o Deus dos pequenos” – Mt 5,1-12a – Celebramos neste domingo a festa de todos os santos e a liturgia desta celebração  sempre traz o Evangelho da “identidade dos santos”, o das Bem-aventuranças.  O conhecido Evangelho é inesgotável em sua riqueza de interpretações possíveis e em sua vivência cotidiana. É um Evangelho desconcertante: é contracultural. No tempo de Jesus o perfil de uma pessoa feliz era a de um homem sadio, casado com uma mulher fecunda e “do lar’, com filhos homens e considerável riqueza, praticante da religião, observador da lei e respeitado no seu povoado. Jesus, focado no Reino de Deus, inverte todo conceito de felicidade. Seu perfil seria mesmo de homem infeliz. Não é casado, não tem filhos, não possui riqueza alguma e é rejeitado no seu povoado. Proclama uma felicidade na contracorrente. Não busca sua própria felicidade, mas a dos que são “infelizes” segundo os critérios do mundo. Felizes são “os pobres, os mansos, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa da justiça, os insultados e caluniados…” No reino do Pai são felizes os que, tanto ontem quanto hoje, não possuem o perfil de “pessoa feliz”, não possuem o padrão de vida estabelecida e assumida pela ideologia do mercado. Além desta inversão de valores, o texto ainda nos revela definitivamente que nosso Deus é o Deus dos pequenos, dos pobres, dos oprimidos, dos perseguidos, dos que choram e sofrem. Nosso Deus é o Deus da compaixão. No atual contexto do país, refletir e rezar este evangelho é uma urgência para nós cristãos. A sociedade “caiu de joelhos diante do deus mercado”, como afirmou um teólogo, e o único valor que se defende é o econômico. A educação, a saúde, a arte, cultura, até mesmo a vida humana são objetos de comércio. Os seguidores de Jesus são portadores de uma proposta de vida alternativa. O Reino de Deus passa por outras trilhas. Os santos seguiram estas trilhas e são sinalizadores do caminho a percorrer.  Os que vivem hoje inspirando-se neste programa de vida “serão consolados”, “ficarão saciados de justiça”, “alcançarão misericórdia”, verão a Deus” e serão cidadãos eternos deste reino. Que o Deus dos pequenos nos ajude a compreender tal proposta de vida. Ir. Zenilda Luzia Petry – FSJ